27/01/2014

Almas Torturadas

Vivendo em um mundo de ignorancia
Correndo em direção de uma morte solitaria
Nada é o que parece
Tudo, sempre, é muito pior

A vida não significa nada
Para nossa pobre alma torturada

Nesse vida, pseudo-sagrada,
Somos colocados a prova a cada instante
Tudo isso para agradar desgraçados
Que claramente faturariam mais com a nossa morte

Existir não significa nada
Para nossa pobre alma torturada

Cavamos nossa cova desde nosso nascimento
Crescemos para sermos imbecis manipulados
Frutos de uma sociedade maldita
Que nos atira pedras quando pensamos por nos mesmos

Ser não significa nada
Para nossa pobre alma torturada

Lutamos lutas que não podemos ganhar
Gritamos para que ninguem escute
E quando percebemos que somos menos que nada
Partir se torna ainda mais dificil

Morrer não significa nada
Para nossa pobre alma torturada

02/08/2012

Pássaro

Dá janela ele olha o mundo.
O movimento dos carros o deixa enjoado.
Os prédios gigantescos impendem ele de ver o horizonte, o mundo cinza o cerca.
Cinza como sua mente, ela não consegue mais ver as cores, não consegue mais fazer sentido aquilo para ele, ele lutou e perdeu, diversas vezes. Mas mesmo assim ele sempre guardou um tempo para olhar para o céu.
Ele disse que passaria desapercebido por esse mundo e assim o fez. Disse que sua vida não faria diferença na de outras pessoas e não fez.
Mesmo assim ele reluta, seu pai, sua mãe, sua namorada, seus amigos. Será que nada disso vale a pena pra ele?
Não vale.
Se debruçando no beiral ele olha a altura. A queda o mataria, sem sombra de duvidas, mas ele não vai morrer. O que ele busca não é morrer, é voar. E ele vai voar.
Mais alguns passos sobre o beiral e ele sente o vento frio no rosto, a leve brisa gelada. Ele fecha os olhos e respira fundo
Um ultimo suspiro antes do próximo passo. A vida não passou em rente aos seus olhos. Ele não pensou em tudo o que ele deixava para trás. Em sua mente apenas o vazio. Branco como uma tela antes do artista começar a sua obra prima.
A perna se levanta, esse passo muda a vida dele e a de mais ninguém. Como ele sempre quis. No fim ele está feliz. Não existe controle maior para a sua vida do que ele dar esse passo. Ninguem o empurra. É a pura decisão dele.
Ele da o passo e abre suas asas. Força elas, já feridas e machucadas pelo tempo, a bater.
O seu esforço não pode ser em vão. Ele não chegou até esse momento para falhar. Deve haver algo depois disso, ele tem que acreditar que haverá, ou toda essa batalha que ele travou até hoje seria em vão. Ele não pode acreditar nisso.
Vamos filhote, bata essas asas, force elas, vamos filhote voe para longe de seu ninho.

26/06/2012

Par de Ases


Minha posição nunca foi essa.
Eu sou um pistoleiro, eu atiro e mato, esse jogo de cartas eu só cometo erros. Quando irei aprender a não apostar numa mão fraca? Quando aprenderei a puxar o revolver antes de pensar?
Eu não sirvo pra pensar.
Isso é coisa pra estudiosos, filósofos, gênios. Eu sou um pistoleiro.
Quando eu saco a minha arma eu não perco tempo pensando em onde vou mirar, onde tenho que acertar. Eu só tenho que acertar. E eu sempre acerto. É isso que faz de mim um pistoleiro.
Hoje me encontro sem saída. Perdi todo o meu dinheiro na famosa mão do perdedor. Contei errado, se fossem balas, eu saberia exatamente quantas faltavam pra eu precisar descarregar, mas cartas... Não sou assim.
Sou um pistoleiro e morro como um, com meu revolver em punho, atirando para todos os lados. Derrubando o maximo que eu posso. Mesmo assim eu morro. Porque eu sou um pistoleiro. E sou um péssimo pistoleiro.

18/05/2012

Sábado à Noite


No espelho marcas de batom escritas “te adoro” e um beijo. Pela pia diversas maquiagens espalhadas, um maço de cigarros, um cinzeiro com varias bitucas apagadas e uma câmera completam o cenário caótico da pia. O barulho das gotas de água do chuveiro caindo na banheira ainda cheia é o único som no ambiente inteiro.
Os pingos de água do chuveiro caem como gotas de chuvas numa banheira cheia de água vermelha. Deita nela uma garota pálida, de cabelos amarelos molhados e o rosto tombado. Seu braço escorre para o lado de fora, levando consigo um caminho de água que culmina em sua mão quase encostada no chão gelado do banheiro, formando ali uma poça de sangue e água.
Sentado na privada está um homem de cabeça baixa e olhos cobertos. Seu rosto ainda molhado e inchado não consegue esconder as ultimas gotas de lagrimas que saem dos seus olhos ainda vermelhos. Suas mãos estão tremulas, suas pernas bambas e seu coração acelerado. Como um suspiro palavras saem de sua boca:
- Porque você fez isso? O que eu fiz pra você?
Com as ultimas forças ele se levanta, para logo estar no chão novamente segurando a mão fria e molhada da garota.
- Eu fiz tudo por você. Fiz pra você algo que nunca fiz pra ninguém e mesmo assim você fez como todas as outras. Fugiu.
Um leve beijo na mão fria, logo depois ele cola o rosto no braço e lhe dá um outro beijo.
- Eu amei você como não amei nenhuma antes de você e mesmo assim você se foi e me largou pra trás com toda a dor e sofrimento.
Devagar ele se levanta, caminha como se arrastando até a pia, pega um cigarro do maço e acende. Um trago forte e solta a fumaça calmamente pela boca. Lento como se fosse o ultimo trago.
- Você nunca vai entender essa dor que eu sinto agora não é? Sempre tão cheia de si, como se fosse à senhora da razão e mesmo assim agiu como todas as outras me deixando para trás.
Um novo trago e um olhar profundo para o espelho. Por entre as linhas das palavras escritas em batom, ele vê seus olhos molhados.
- Me desculpa se eu não fui bom o suficiente pra você. Me perdoa se o que eu lhe dei foi pouco. Eu queria poder lhe dar mais, juro que queria lhe dar mais, mas eu não pude. Dei a você tudo o que podia de mim.
Os olhos correm a pia vendo a bagunça. Ele apaga o cigarro, pega o perfume e o cheira. Seus olhos se fecham e um leve sorriso toma seu rosto.
- Sempre vou lembrar o seu cheiro, o seu toque...
A mão corre novamente sobre a pia e ele pega a câmera. Liga ela e olha a foto.
- Sempre vou lembrar o seu rosto. Dos delas também.
Na câmera a foto do rosto já falecido da garota. O dedo dele  corre as outras fotos. Em cada, uma nova garota morta diferente.
- Se lembre de que eu te amei até seu ultimo suspiro.
*Baseado na musica "Crying on Saturday Night" dos Misfits

31/03/2012

Olhos

Quando eu chego ela já esta morta.
O seus grandes olhos azuis já não brilham mais.
E tudo porque eu estou atrasado.
Desde que eu comecei a segui-lo parece que ele me provoca mais e mais. Ele mata elas cada vez mais próximas uma das outras e cada vez mais eu sinto como se as conhecesse. Ele faz isso comigo. Ele me provoca.
Ando de vagar elo quarto, o corpo da garota nua deitado no chão ensangüentado parece uma cena de filme. Eu queria que fosse. Maldito olhos azuis.
Queria ter forças pra poder ver esse tipo de cena e não me alterar. Tenho medo do que eu vou fazer com ele quando encontrar esse desgraçado.A marca do corte é sempre a mesma, no pescoço, letal. Possivelmente ele corta e deixa elas sanguarem até a morte. Possivelmente olhando sua agonia, vendo seus olhos azuis se apagarem. Isso me deixa louco.
Continuo averiguando o local, ele nunca falhou, nunca deixou um fio de cabelo, uma marca de digital, sangue, nada, absolutamente nada. Tinha medo de que nunca conseguisse descobrir nada, até que há um mês atras ele veio até mim e deixou um recado de sangue na minha casa. "Nunca se esqueça dos olhos azuis". Nunca vou conseguir esquecer deles.
Percebo algo no armario, ele esta entre aberto, talvez ele tenha procurado alguma coisa lá dentro. Isso me ajudaria muito. Abrindo vejo uma camera, bateria carregada, talvez ele tenha colocado ai, talvez ele me deixou um recado.
Sento na cama e rebubino a pequena fica. Olho pelo visor externo e vejo o video começar. O video filma a saida do banheiro, a garota entra no quarto agarrada ao cara, ela joga ele na cama, não consigo ver o seu rosto. Eles começam a transar. Droga nada do rosto dele. Por diversas vezes ela olha em direção a camera, dá a impressão de que ela sabe que está sendo filmada. Será que foi ela que deixou isso aqui? Assim que acabam ela abre o armario nua. pisca pra camera. Essa camera é dela. Será que ela desconfiava disso? Ou só é mais umas das perversões de hoje em dia. Ela entra no banheiro e ele nem se mexe na camera. Pouco tempo depois ele entra no banheiro atras dela. Por alguns minutos eles ficam lá dentro. Ela sai se enxugando, e ele aparece atras dela...
Meu Deus eu conheço esse rosto, sou eu na camera.
Ela cai da minha mão e explode no chão. A ultima coisa que eu consigo ver e minhas mãos envolvendo o pescoço dela e cortando com uma navalha. QUE MERDA É ESSA????
Eu??? Como assim eu??? Não é possivel isso, meu Deus...
Corro pro banheiro pra lavar o rosto, enxáguo ele e me olho no espelho. Ah esses olhos azuis...
Me encaro e percebo meu sorriso no canto da boca. escuto alguem falando comigo, minha voz dizendo...
" Você encontrou quem você tanto procura".
Meu Deus o que esta acontecendo comigo, eu preciso sair daqui, preciso de ar, preciso de....
Ao me levantar eu me fito no espelho. Estou rindo. Por que eu fiz isso? Que é essa garota? Eu sou um assassino.
Olho no espelho e vejo a gargalhada. Por isso que nunca achava eu sempre estava na cena do crime, por isso nunca desconfiaram de mim. Quem desconfiaria que o assassino tivesse investigando a si mesmo?
Olho pro espelho, estou rindo mais e mais. Esse desgraçado não vai sair impune por isso eu vou fazer o que deveria ser feito. Mas e se não for eu e se só for piração da minha cabeça. Eu sigo ele a tanto tempo que talvez isso esteja só na minha cabeça... Meu Deus o que eu devo fazer.
Eu chuto a pia e uma das gavetas se abre. Uma navalha está lá dentro.
Olho pro espelho e descubro como posso provar se sou eu ou não.
Um golpe rapido com a navalha na minha própria garganta. Rapido corte preciso, sem dor, sinto meu pulmão enxendo de sangue, me vejo olhando pra mim. Olhando eu morrer. Sim eu sou o assassino. Fui eu quem matou as garotas. Vejo isso agora. Percebo isso olhando pra mim mesmo, vendo minha propria agonia. Olhando e esperando o fim do brilho dos meus olhos azuis.

Uma Noite Qualquer

Eu chego na casa e vejo tudo apagado, bairro pobre, casa pequena, um corredor leva ao fundo e uma porta na frente depois da garagem. Tá tudo vazio mesmo, nem sinal de vida. Caminhando até a porta da frente, sigo com meus passos lentos e com o cigarro na boca. Estou entediado. Uma respiração funda enquanto coloco a mão na maçaneta da porta pra ver se está aberta.
Trancada... ótimo, vou ter que andar essa merda de lugar inteiro. Espero que tenha uma porta do fundo, se eu tiver que arrombar mais uma janela essa noite eu juro por Deus que eu peço as contas da policia.
O tempo está frio, deve ser alta madrugada agora, a lua nova faz com que o lugar pareça ainda mais escuro. Puxo a gola do sobretudo bege pra cobrir um pouco mais o pescoço e baixa o chapéu. O cigarro termina antes deu entrar no corredor.
O corredor é ainda mais escuro do que eu esperava, passando por uma janela sinto o cheiro de sangue fresco, talvez uma ou duas horas atrás. Nada novo pra esse detetive experiente. Chegando ao fundo vejo um pequeno galpão e mais uma porta para a casa principal. Ao me aproximar da porta sinto um frio na espinha, algo ali esta muito errado.
A porta esta aberta. Ótimo, o que quer que tenha passado aqui foi embora. Eu saiba que isso não quer dizer nada, esses desgraçados tendem a voltar uma hora ou outra mesmo.
Devagar eu entra na casa, dou passos rápidos pela cozinha e puxo minha arma, uma arma grande pra um homem grande. Passo pelo corredor que leva a cozinha a sala. Chegando a sala sinto o cheiro. Sangue. Fresco. A sala pequena não consegue esconder a pobreza do lugar, nada de sofás ou armários, nem uma televisão ou radio. Apenas um corpo, e sangue. Uma mistura muito bem comum pra mim.
O sangue ainda não esta seco, deve ser de menos de uma hora então. Marca de briga, tem uma parte da parede marcada, o que fez isso era forte, talvez de 120 ou 150 kilos. Talvez. Vamos para os procedimentos básicos. Ser humano do sexo masculino, usa uma camisa aparentemente branca e está descalço. Calça rasgadas e velhas, tem uma carteira no bolso mas sem documentos, uns poucos trocados, uma nota de 10 reais e algumas moedas, na carteira de motorista diz que o nome dele é Marcos. Cabelos compridos mas melados pelo sangue não consigo determinar a cor. O sangue no chão parece ser somente do corpo, nada de pegadas ou objetos alem dos do corpo, há tufos de cabelo na mão do corpo. Marcas de arranhado no peito e nas costas, ainda não encontrei a causa da morte, mas os rasgos na pele não são profundos o suficiente pra acertar algum órgão vital ou ainda uma artéria principal. Pela temperatura do corpo a hora da morte é...
(How soon is now - toque do celular)
Eu sempre peço pra ela não me ligar quando eu estou no trabalho, mas ela sempre insiste, que saco de mulher chata, juro que se eu fosse mais novo eu me separava dela. E se eu não tivesse que pagar a pensão da minha ex também. Duas ex-mulheres ia ser demais pro meu gosto, já pensou o que sobraria pra mim no fim do mês? Nem o da cerveja ia ficar, essas duas desgraçadas sanguessugas iam me deixar só com a roupa do corpo. Com uma ex só eu já estou sem calça nova a mais de um ano, imagine as duas mamando meu salário? Nunca vou deixar isso acontecer, ela vai continuar a ajudar a pagar minhas contas porque esse salário de policial é uma miséria.
Tem algo lá fora, eu vi o vulto na janela, parece que o meu assassino voltou. Exatamente como eu esperava. Deixa eu contar uma coisa pra vocês, sabe aquela historia de vampiros, lobisomem, zumbis, esqueletos errantes e essas coisas, coisas de filme sabe, então minha função e ir atrás exatamente desse tipo de criatura. Não eu não sou um caçador, menos ainda acredito em algum deus, sabe no que eu acredito? Que tudo pode ser resolvido com um pouco de pólvora, uma lamina afiada ou explosivo plástico, nisso eu acredito. Se fosse pra mim ter um deus ele ia se chamar “Artilharia Anti-Tanque”. De todas as coisas que eu vi até hoje com certeza essa me ajudaria muito. Não deus, nem o diabo, mas com certeza uma artilharia anti-tanque.
Do lado de fora da casa eu o encontro, cabelos negros e enrolados, barba por fazer, melada de sangue, prezas, deixa me ver, só podia ser um maldito morceguinho. Que ódio eu tenho desses caras, minha vida seria mais fácil se eles fossem todos personagens do Crepúsculo. Agora eu vou pegar minha estaca... hahaha nem fudendo isso funciona de verdade, quer dizer, funciona, mas enfia a porra de um pedaço de madeira de uns 50 cm no peito de qualquer um que mata, sendo vampiro ou não. Não existe água benta, nem crucifixo, o que funciona de verdade éh encher ele de bala. Ok com as balas ele não vai ficar muito tempo no chão mas ainda assim é o melhor a se fazer.
Começo a atirar e ele salta pra cima de mim, acerto o peito, duas, três vezes, quando ele me derruba no chão. Minha arma voa longe. Como sempre eu vacilei confiei demais na potencia da minha pequena e fui parar no chão antes dele cair. As presas dele estão no meu rosto, sinto o fedor de sangue do seu bafo. Ele tá babando em mim que saco. Seguro ele pelo pescoço, pra uma criatura tão pequena ele deve ter a força de um lutador de vale-tudo.
Nunca carrego uma arma extra comigo, sim eu sei, pareço destreinado, mas é que na verdade eu já to de saco cheio desse trabalho, todo dia é a mesma coisa, nada de novo, sempre esses bichinhos. Droga to devaneado, essa é minha palavra do dia, significa sonhar, imaginar, fazer castelos no ar. Volta foco nisso aqui agora, deixa eu ver se pego a arma reserva... tá eu sei que eu disse que nunca trago uma arma extra, mas isso mudou a um tempo atrás, por causa dos cachorrinhos, depois eu conto essa.
Alcancei ela na minha canela, droga ela é muito pequena pra eu derrubar ele, tenho que ser preciso com o tiro. Estou deitado embaixo de uma criatura sedenta por sangue e estou pensando em ser preciso. Preciso é o caralho, eu vou é chumbar o coco desse filha da puta. Vamos lá força um pouquinho pra cima, isso, agora coloca a arma contra a cabeça dele e...
Bang na mosca, um só no meio da cachola e chão pra ele. Pena que ele não vai durar muito tempo assim, preciso fazer algo rápido, preciso de algo....
Acho que to com sorte hoje... esse machado vai ser perfeito, vamos picar esse desgraçado e jogar ele no porta malas, acho que tenho um saco de lixo lá, fechado.
Jogo o picadinho no porta-mala e entro no carro. Acendo meu cigarro, sabe estou com a sensação de que estou esquecendo de algo. Ligo o carro e o farol acendeu. O que está na minha frente? O merdinha que morreu lá dentro. O caralho eu sempre esqueço isso, sempre esqueço do corpo. Quando é filhote de morcego tem que queimar o corpo, mas eu lembro disso??? Não, e por quê? Porque esse trabalho não me valoriza. Eu dou um duro danado nesse trabalho e ninguém pensa em me passar pra capitão, sargento, tenente. Que saco
Ligo o carro e acelero. O corpo bate no vidro gira por cima do carro e cai no chão. Paro o carro e dou a ré. Passo pelo corpo mais uma vez de ré e mais uma de frente, jogo o cigarro fora e vou embora. Chega por hoje, deixa q esse merdinha alguém venha limpar, ele não é mais problema meu, e depois pra ele poder regenerar o sol já vai estar nascendo e pronto, nesse fim de mundo aqui ninguém vai ver ele...
...
...
Quer saber, vou limpar essa bagunça toda. Minha sogra tá em casa e com aquela velha chata lá eu prefiro fazer é cerão. 

22/11/2011

Caminhando a Lugar Algum

Com um golpe rápido sua espada quebra, na batalha não tem tempo pra fracassos, a morte chama a todos e aqueles que escutam suas lamurias acabam indo de encontro a ela.
Sir Malvenor sabe disso, sabe que agora com sua espada em pedaços é apenas questão de tempo para que o machado do bárbaro babando a sua frente encontre o seu peito e tire o pouco de honra que ainda lhe resta.
Honra que lhe foi tirada por esses mesmo bárbaros quando invadiram suas terras e estupraram sua esposa.
Honra que lhe foi tirada quando os mesmos arrancaram-lhe o filho e os levaram como escravo.
Honra que foi perdida quando sua terra foi queimada e salgada para que nunca mais nada lá nascesse.
Honra que lhe foi dada pelo Rei quando o mesmo o nomeou cavaleiro.
Honra que lhe foi dada depois de anos tomando terras e vencendo batalhas por esse mesmo Rei
Honra, uma palavra tão curta mas com tanto significado na vida deste homem.
E é devido a ela que ele reage, sua morte assim fará com que os soldados debandem, sua morte não dará significado a sua batalha, mais um pouco da sua honra seria jogada fora.
Seu escudo protege por pouco do golpe do frenético combatente. Em sua experiência, utiliza a força de seu inimigo para ir ao chão e buscar uma outra arma.
Uma lança é tudo o que ele precisa, o bárbaro em sua fúria de sangue nunca iria perceber um movimento rápido desse. Cravando-a no chão ele perfura o peito do bárbaro em investida, vê os olhos de seu inimigo se apagando em frente ao seus, sente os braços deles cederem ao pouco o pesado machado que ele segurava.
Isso, é a arma que ele precisava pra enaltecer seu exercito, a arma do líder rival.
Levantando rapidamente ergue a arma de seu inimigo jurado, grita como um animal que acaba de abater a presa mais difícil. Olha para todos os seus aliados e vem os olhos deles se encherem de vontade, de certeza de vitoria, de honra.
Porém, na batalha a morte a todos clama e Sir Malvenor não poderia ter se esquecido disso.
Com o seu grito ele chamou a atenção.
Com o seu grito de fúria ele decretou a sua morte.
Um arqueiro a metros de distancia procurava por uma vitima sozinha, alguém onde ele não correria o risco de   acertar nenhum dos seus aliados.
A flecha atravessa a garganta de Sir Malvenor como se fosse apenas monte de feno. Ele cai e vê nos olhos de seus aliados o pavor tomando conta, a certeza de vitoria sendo substituída por medo da morte eminente.
É só uma questão de minutos até que todos os soldados estejam mortos. Quando os bárbaros passam por cima de seu corpo caído como uma se fosse um estouro de bois, em seu ultimo suspiro ele se lembra da frase mais falada pelo seu velho e falecido pai. " Na morte não existe honra alguma"